Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar.
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar.
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar.
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar.
Estava perto do céu,
Estava longe do mar.
E como um anjo pendeu
As asas para voar.
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar.
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par.
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar.
(Alphonsus Guimaraens)
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