Amor
Para comer nozes frescas
Na montanha
E pendurar cerejas nas orelhas
Como se fossem flores
Ou rubis.Meu amor
E são verdes e exatasComo ovos
Mas as cerejas
São quando a cerejeira sua
Seu manso sangue.
Ainda te levarei àquela casa
onde floriam lilases
onde floriam lilases
e serpentes tão claras quanto a água
deslizavam ao pé das macieiras.
Te mostrarei três lagos
no horizonte
três queijos maturando
numa adega
três lesmas
escondidas sob um vaso.
Estará tudo lá
à nossa espera
morangueiras quebradasSó não estará meu medo
de menina
aquele mais escuro que os ciprestes
ecos no mato
passos sobre a ponte
garras na saia vento nos cabelos
e o latejar das veias repetindo
estou sozinha
e ninguém me salva.
(Marina Colasanti)
Um comentário:
Que belo poema, todo silvestre com cerejas possíveis!
Hoje, pendurei meias nas orelhas.
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