Mme. Bovary

"No fundo de sua alma, todavia, ela vivia esperando um acontecimento. Como um marinheiro em apuros, divagando sobre a solidão de sua vida, os olhos desesperados buscando ao longe alguma vela branca no nevoeiro do horizonte. Não sabia qual seria o seu destino, nem que vento o traria até ela, nem a que costa a levaria, se iria ser uma lancha ou um barco de três vigas, carregado de angústias ou pleno de felicidade até as bordas. Porém, cada manhã, ao despertar, ela o esperava e assim durante o dia inteiro, e escutava todos os ruídos, se punha em pé sobressaltada, se assombrava de que não viera; depois, ao recostar-se o sol, cada vez mais triste, desejava ter sido o dia seguinte."

(Flaubert, Gustave. Madame Bovary, 1857. Tradução Nancy Lix)

Um comentário:

Natalia Lix disse...

Ela queria saber do mar, quando açoitado pela fúria da tempestade... Não buscava cenários, buscava emoções.

 
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