O Possuído

O sol já se cobriu de luto. Age igual,
Luar da minha vida! cobre-te de lama;
Dorme ou fuma; mas sem levantar dessa cama
Arrasta tua náusea ao fundo do Mal;

Eu te amo assim! Porém se queres, afinal,
Como um astro esquecido à procura da fama,
Passear por aí, onde a Loucura inflama,
Que bom! Sai da bainha, encantador punhal!

Acende o teu olhar à luz dos lampadários!
Acende a excitação nos olhos dos otários!
Tudo em ti me seduz: o mórbido e o vivaz;

Quer sejas noite negra ou sangüínea aurora
Não há um fio só do meu corpo voraz
Que não proclame, ó meu Belzebu, que te adora!

Le Possédé, Baudelaire. Tradução: Jorge Pontual
 
© 2008 - 2009 Nancy Lix, Lua em Refração. Todos os direitos reservados. Não reproduzir sem autorização. | Technorati | BlogBlogs.Com.Br