Poema para a minha mãe

Perdoe-me, minha mãe,
por não precisar mais de ti,
nas noites de escuridão
enfrentar os meus medos sozinha,
distante dos teus conselhos.

Perdoe-me, minha mãe,
por buscar o meu próprio caminho,
ser tão diferente, tão mais eu
e menos filha no ingrato coração,
esquecendo o teu zelo por mim.

Perdoe-me, minha mãe,
tu, que um dia foste o meu mundo,
hoje uma lembrança desconhecida,
um rosto perdido na névoa do tempo
cuja ausência não percebo mais...

©, 2009, Nancy Lix.

3 comentários:

Anônimo disse...

Receios característicos de quem gostaria de ter sido mais seletiva quanto aos seus amores?

Quem ama demais, costuma se preocupar em estar amando como diz a regra.

Ainda há os que amaram demais as pessoas erradas. E foram pouco amados pelas pessoas certas.

Roger Jones disse...

minha mãe, gradativamente, está esquecendo de mim e de si.

:/

quanto à mim, lembro-me de mim e esqueço-me de mim, mas como um tolo autômato obediente ao afã destrutivo que predispõe minhas fugas: lembro do pior de mim... e do meu melhor dedico meu alzheimer manipulador.

crer no melhor de si "é muita responsa", dizem... e corre-se o drástico perigo de deixar de ser criança.

porque quem confia em si não precisa de colo... são pessoas insuportavelmente... hum... sei lá... felizes.

¬¬

e como fazer literatura sendo autônomo, hein ?
hein ?
me diz !
como ?
como fazer litaratura sendo autnomo ?

e agora, é irônico, nem o colo primário que me cuidou me verá como filho perdido e frágil... mas alguém, enfim... "alguém que não se sabe quem é, quem foi, quem será".

e eu nem vou poder me queixar... porque é assim que eu vejo todo mundo.

:/

Márcio Ibiapina disse...

Esse teu poema é lua crescente
Revelando alguns desvãos da alma
Mergulhada nas sombras de uma noite calma
A nos lembrar que o poeta é gente.

 
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