As Mãos do Baterista
Amo as mãos do baterista,
batendo firme,
forte,
acompanhando o ritmo
em batida cadência,
contida,
repetida,
sem tocar nos pratos,
- estridente dispersão –
Amo mais a contenção,
a pulsão concentrada
destes surdos momentos,
como se tocassem
em tom subliminar,
veladamente subliminar,
subtônico,
e, aperto os fones no ouvido,
tento isolar-me de tudo,
das vozes,
instrumentos de corda,
qualquer outro som,
concentro-me no baterista,
anônimo baterista,
sentindo-o nas minhas pernas,
com os calcanhares em sintonia
fazendo dueto comigo no chão.
Nancy Lix. As Mãos do Baterista, pág 125. Lua em Refração, Editora Plus, 2009.
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3 comentários:
Muitos dos teus poemas dariam excelentes músicas. Já pensou em viabilizá-las?
Ousada e profunda, te defino.
Abração,
fã Celso.
Fortíssimo.
Abraços,
R. Sant'Anna
Adoro os bateras. Mas sempre finjo ser um baixista imaginário qualquer. Já podemos fazer uma "cozinha" percussiva-poética, rs. Adorei o poema e agradeço as palavras endereçadas ao PSQC. Sei que vim aqui com algum atraso, mas obrigado pelos seus olhos. Parabéns pelo seu espaço. Tão único, tão próprio e autêntico. Conheces o Rio?
Besos.
Vinícius.
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