Divindade Cega IV

Quero falar-te a palavra sem voz,
olhar-te nos olhos sem luz,
tocar-te sem física presença,
quero entrar na tua alma,
possuir-te sem resistência,
ser engolida pelas tuas emoções,
mas, eu já te possuo sem ver,
e, como sombra não me permito revelar,
cair na armadilha do teu corpo,
presa da minha própria pulsão.

Meu desejo ainda é ser livre,
para sobrevoar os meus abismos,
perder-me na imensidão dos meus mares,
sem bússola humana,
guiando-me pelo instinto apenas,
e meu instinto me diz:
“voe para longe das armadilhas dos corpos,
o amor é um cálice vazio de veneno derramado”.


©, 2008, Refração da Lua, Nancy Lix
 
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