Cansaço

O cansaço consome meu corpo
Como um cancro enraivecido,
Destrói ao criar o novo
Ensandecido tecido.
Insidioso qual cobra,
Qual óleo em mim escorrido,
Qual febre que se renova,
Qual tiro sem estampido,
Convolado em epicentro
de centenas de outros sismos.

Cansaço do corpo e d’alma,
Das ilusões juvenis,
Da sensação de que acaba
o tempo de ser feliz.
Cansaço de olhar e ver
O fato de existir,
E de tentar resolver
O que não pode ter fim.

O cansaço me consome
como ácido, corrosivo,
que desce pela garganta
como este ar que respiro
no dia a dia que espanta
os motivos do motivo
e faz-me indagar, no fim,
se é o bastante estar vivo.

Márcio Ibiapina
chocalhodepalavras.blogspot.com

4 comentários:

Roger Jones disse...

o cansaço devia ser perdoado.
mas não é.

Ariadne disse...

Seu blog é lindo demais! Mais ainda as reflexões laterais. Vou desenrolar meus fios aqui. Beijos!

Anônimo disse...

Outro paradoxo: É chique ficar reclamando que se está estressado com picuinhas. Mas cansado mesmo, com fadiga, depressão, exausto: Coisa de vagabundo que se quixa pelos cotovelos, ou efeito colateral de bizarro recluso.

Anônimo disse...

Errata: Queixa

 
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